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Archive for janeiro \17\-03:00 2011

Pensamento do dia

Zona de conforto é um conceito útil. Toda vez que me conforto, e me espreguiço, e me encontro relaxado, esqueço que deveria estar desassossegado, nervoso, enrijecido.

Trilha sonora: “Senhor cidadão”, Tom Zé.

A música é trilha de “Meu mundo em perigo”, o penúltimo filme de José Eduardo Belmonte.

Belmonte vale um post.

Ele entrou no top 10 de 2009 com o filme anterior; e este filme: o melhor filme brasileiro que assisti desde “Os famosos e os duendes da morte”, que por sua vez, foi o único brasileiro a entrar no top 10 2010. Augúrios?

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Ser um asshole

Não que ser um asshole seja uma arte exatamente, mas é quase, dá pra dizer, um estilo de vida.

É fácil apontar na cara das pessoas – celebridades, especialmente – e chamá-los de asshole.

O Mark Zuckerberg de David Fincher é chamado de asshole continuamente. Isso bem podia ser, também, um mote para analisar o filme. Por que? Ter dito umas verdades na cara da namorada no começo do filme. Não acho que exatamente sua qualificação de asshole tem alguma coisa a ver com o fato de ele ter passado Eduardo Saverin pra trás no comando da empresa. Tem, sim, muito mais a ver com o fato de ele ter tido inveja dele, ou, especialmente da sua fala-killer numa cena crucial do filme: “It probably was the diversity thing.”

O John Mayer da entrevista para a Playboy, também. Ele é um asshole por ter dito que seu pau era um branco supremacista, por ter dito que Jessica Simpson era um napalm sexual, ou por ter usado a palavra nigger julgando que poderia isolá-la de qualquer conotação emocional/simbólica.

O Kanye West do Emmy (ou qualquer prêmio desses – sei que não foi o Emmy), também. Por ter subido ao palco e dito à garota que ganhou um prêmio aí que o clipe da Beyoncé era melhor que o dela. A guria chorou. E o Kanye foi chamado de asshole até pelo Obama.

Não é que eu esteja defendendo eles; mas me identifico com os assholes, sinto que entendo porque eles são assim. É exatamente por isso que não sou como eles. Não “que Deus esteja interessado em mim”, mas parece que, às vezes, se identificar com um asshole e não agir da mesma forma é como ser um asshole pelo negativo.

E, no entanto, como que assholes podem ser tão brilhantes?

Talvez pelo mesmo motivo pelo qual eles podem ser tão sensíveis. Só um não-asshole pra não perceber.

Trilha sonora: “St. Patrick’s Day”, John Mayer.

Come january, we’re frozen inside

Making new resolutions a hundred times…

(…)

If our always is all that we gave

And we someday take that away

I’ll be alright if it was just ‘til St. Patrick’s day.

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Dias brancos

Há uma coisa capaz de pôr a cereja no bolo, num dia de felicidade artificial, que é o dia em que eu consigo acordar antes das 3 da tarde. Aliás, além do frio, meteorologicamente falando, nada me deixa mais feliz do que isso.

Nada eu acho tão belo quanto o céu branco, o sol diluído nas nuvens, e aquela incomparável sensação de se estar vivendo nos anos 60, na Itália, num filme de Antonioni, prestes a se esbarrar numa perturbada Monica Vitti.

Mas isso é apenas o óbvio. Dias brancos, hoje em dia, me fazem sentir produtivo, estufar o peito, pensar que os ânimos do clima selvagem vão se acalmar, e eu finalmente poderei ter uma tarde de sossego. E fazer o que eu mais preciso: escrever.

Dias brancos fazem até os posts do “Quem tem Medo de Virginia Woolf?” saírem com mais facilidade.

Eu me lembro com clareza, de apreciar dias brancos há dez anos pelo menos. Me lembro de comumente as pessoas não entenderem essa predileção. Não sei explicar. Deve ser pelo mesmo motivo que gosto de coisas velhas (chá, jazz, pré-pós-modernidade, Monica Vitti), tudo com menos de 30 anos.

Mas nada é tão revitalizante quanto toda essa claridade.

Me faz eu pensar em energia, anos 90, sexo, mágica!

But then again…

Trilha sonora: “Blood sugar sex magik”, Red Hot Chili Peppers.

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